Sangue e Saudade

Tranquei-me por tempo demais!

Queria ter sangrado até morrer
e senti apenas saudades!

Fechei-me no quarto escuro
das obrigações da vida
e senti saudades!

Queria ter explodido uma bomba
de uns milhões de megatons
nas tristezas que me são minhas
sem que fossem espalhadas
p´rá os outros!

Queria isso...
... queria aquilo...
... nunca fiz coisa alguma
que me pudesse dar o tom
certo à desafinada canção
que tenho cantado por tanto
tempo...

Queria sangrar as burrices...
... só as minhas!

Queria não sentir saudades...
... queria isso...
... queria aquilo...
... queria nada...
... coisa alguma!

Olhei pro passado
e vi que poderia ter feito
quase tudo diferente...
... arrependo-me do que não fiz!
... o que fiz, está feito!

Aos que magoei, peço que me perdoem...
... ainda que seja difícil, se não perdoarem;
então que não me tenham ódio: isso já basta...

Sinto o peso das asneiras
que fiz pela vida que me consome...

... existem coisas boas...
... sim... existem!

Queria sangrar as saudades todas
só prá não tê-las mais...

Queria sangrar o passado
como coisa real que se esvai...
... não sangro!

Nunca sangrei!

Perdí-me pelos espaços vazios
pelos quais fiz questão de ficar...
... perdí-me!

Queria sangrar saudades e não as sangro...
... transpiro-as em cada respirar...

... queria voltar no tempo e fazer
tudo diferente!

Queria meus treze, catorze, quinze
de volta:

Seria tudo tão diferente!

Ou não...

Um comentário:

Há moderação nos comentários