Babel II

Já não espero mais nada lá de cima...

... e deveria esperar?!

El Cielo nada!

Lucidez

Ácida luz
que da verdade emerge
sem contrastes ou falsetes
Lucidez!

Lúcido, como
nunca antes fui
ou quisera ter sido

Lúcido, tal
um peixe no aquário
transparente
visível sem
permitir ultrapassá-lo.

Lúcido, feito
gado no cercado
pressentindo a hora
por chegar..

Luzidio um
instante fugaz,
Lúcido,
um aquário imenso
gigante em verdade
sem possibilidades
de se o ultrapassar...

Lúcido,
um animal qualquer
ou criança que acaba de nascer
sem consciência das verdades todas
sem sapiência das coisas todas
ignorância completa
e vulgar, fugaz, incerta...

Difícil ser lúcido diante
do todo, de tudo
por nada

Difícil não o ser
vendo as verdades todas
encobertas por notícias fantasiosas
apocalípticas e sensacionalistas...

Lúcido,
luzidio e ignorante
ofuscado
pelas verdades emergentes
das saudades doentes
dos mendigos
descrentes
das malnascidos
inocentes, ignorantes!

Lúcido
como se estivesse
por morrer
por crescer ou
nascer de novo.

Lúcido
como quem perdeu
a razão
como ladrão a quem cortam
a mão
como aleijado que mesmo querendo
nunca pisa o chão.

Lívido
e lúcido
vívido
e quase morto...

... vivo em danças
das penas
que insistem em pousar
nas brancas folhas
d´um livro sem memórias!