Ermida

Ah! Tempos passados que nunca serão os mesmos...

... passado o tempo dos Tempos, no tempo dos relógios escorridos
nas paredes do sótão... uma água furtada à Tabacaria...

Ao caso dos ocasos ao acaso... que do sol nada se retira além da luz,
da vida nada se leva senão seu tempo vivido... eis novamente o relógio
e fumo...

"Enquanto o destino mo conceder, continuarei fumando..."

Pessoa! Quão mais humano poderia ser? Pessoa em sí e em nome...
Quem mais seria de tantos lugares ao mesmo tempo, negando as leis da física... daqui, de lá... Dalí!

O real, concreto e palpável, tangível às sensações é nada... tudo de
um todo perdido no escuro das lembranças de alguém que já pode
ter ido... longe demais...

E eu, eu que nunca fiz coisa alguma de valor... que faço?

Faço versos que não rimam.
Procuro a verdade em tudo e em nada.
Procuro ser otimista quanto ao futuro... mas...
... de que adianta o otimismo!? Um dia estarei morto!

Se meu pai, um dia fosse meu filho... receberia umas boas!
Não pelo que tenha feito, senão pelo que não fez!

Lamentar as coisas que se vão ou foram, é fácil demais!

Lamento pelo que nem sei.... pelo que não ví ainda...

Lamento a palavra perdida, errada, lançada ao vento e que teve por
destino os ouvidos de alguém...

Lamento...

Lá minto!

E se tivesse dito a verdade, seria a mesma coisa...
Nada muda porque quero que mude.
Nada muda somente porque quero que seja mudado. Nada!

Queria que as palavras fossem gotas de chuva...
... os poemas nuvens...
... os livros, os rios....

O ciclo estaria completo... nuvens... chuvas... rios...

Condensação e tudo de novo....

De novo... não novo... novamente...

Nada de nada....

Fui educado para pedir Por Favor, Agradecer...
... rezar antes de dormir...
... não andar descalço...
... ser uma pessoa direita e educado...

Fui criado assim e assim penso que seja certo;
errado é o mundo que não segue algumas regras...

Será, mais cedo ou mais tarde (que não seja tarde demais!)
o começo do fim de tudo e será então Nada!

Nada... o nanocondutor da nanobiotecnologiasintéticapequenademais!

Nada...
... nem sopro...
... nem vento...
... nem nuvens...
... nem chuvas...
... nem rios...
... e livros
e palavras
e poemas
e rimas
e choros
e sorrisos...

E vivo só... na minha ermida!

Só e isolado em minha ermida...

Já fui amigo do Coveiro... que enterrava na curva do rio...
... e ele se foi...

Nunca conheci quem fosse famoso ou importante para os outros...
... mas fiz daqueles que conheci importantes para nós...
... fui amigo!

Amei!?

Amo!

A quem?! Isso é só meu!

Divido quase tudo em mim...
... quase tudo!

Passado tanto tempo,
tenho uma página em branco e saco do passado a idéia de
fazer um poema sobre alguma coisa,
me vem; nada...

... como sempre,
escrevi sobre coisa alguma...

Gastei tempo e vou tomá-lo de alguém que se dê ao
trabalho de ler o que escrevo...
... se for, ainda assim um poema e fizer alguém sorrir ou chorar ou
ao menos xingar-me (se xingar, xingue à mim, deixa minha mãe em paz!)...

talvez eu tenha feito algo de importante...

... quereria saber do passado.... (quereria assim mesmo! faço uso
de toda minha liberdade!)

Digo que o Eremita não morreu! Ainda vive!
Ainda pensa que é poeta...

... ainda escreve... passados tantos anos...
... ainda escreve...
... escreve...
... ainda...
... inda...
... vê...

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